por Pedro Luso de Carvalho
ALPHONSUS DE GUIMARAENS era o pseudômino usado por Afonso da Costa Guimarães, nascido em Ouro Preto, Minas Gerais, a 24 de julho de 1870. Passou a maior parte de sua vida em Mariana, nesse Estado, onde exerceu o cargo de Juiz, onde realizou sua obra e onde morreu, a 15 de julho de 1921.
Na cidade de Mariana o poeta tinha uma vida discreta, que lhe dava o sossêgo necessário para elaborar sua obra poética. A sua existência apagada, sem fortuna pessoal ou literária, no entanto, levou-o ao isolamento, condição não apropriada para dar conhecimento aos meios literários do que produzia. Daí ter sua poesia obtido a glória somente depois de sua morte.
Alphonsus de Guimaraens foi, ao lado de Cruz e Souza, o maior dos poetas simbolistas do nosso país. A sua contribuição ao Simbolismo, na época uma nova escola, foi a inspiração mística. Sobre o poeta, escreveu o grande crítico José Veríssimo: “Pela sua compostura, pela seriedade de sua vida, pela sinceridade de sua inspiração, pelas qualidades da sua arte, distingue-se desses rapazes, espirituosos e inteligentes alguns, outros sem nenhuma destas qualidades, para quem a arte é um divertimento frívolo, uma postura da Rua do Ouvidor, um meio de ter nome nas folhas e de se dar ares de gênio incompreendido”.
Livros escritos por Alphonsus de Guimaraens: Sentenário das Dores de Nossa Senhora e Câmara Ardente, Rio de Janeiro, 1899; Dona Mística, Rio de Janeiro, 1899; Kiriale, Pôrto, 1902; Mendigos, Ouro Preto, 1920; Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte, São Paulo, 1923 – entre outros. O Ministério da Educação publicou o volume Poesias, de Alphonsus Guimaraens, cuja edição foi dirigida e revista por Manuel Bandeira (Rio de Janeiro, 1938).
Segue o poema, de Alphonsus de Guimaraens, Canção (In Álvaro Lins e Aurélio Buarque de Hollanda. Roteiro Literário de Portugal e do Brasil, vol. II. 2ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966, p. 340-341):
[ESPAÇO DA POESIA]
C A N Ç Ã O
(A. de Guimaraens)
Quando chegaste, os violoncelos
Que andam no ar cantaram hinos,
Estrelaram-se todos os castelos,
E até nas nuvens repicam sinos.
Foram-se as brancas horas sem rumo
Tanto sonhadas! Ainda, ainda
Hoje os meus pobres versos perfumo
Com os beijos santos da tua vinda.
Quando te foste, estalaram cordas
Nos violoncelos e nas harpas...
E anjos dissseram: - Não mais acordas,
Lírio nascido nas escarpas!
Sinos dobraram no céu e escuto
Dobres eternos na minha ermida.
E os pobres versos ainda hoje enluto
Com os beijos santos da despedida.
(Poesias, Rio de Janeiro, 1938, p. 191.)
* * *
Não conhecia este poeta e gostei da sua "Canção" em que mistura com arte, os instrumentos com os sentimentos de alma. Muito bonito.
ResponderExcluirBeijo
Graça
Foram poucos seus poemas. mesmo assim nem sei dizer qual o melhor.
ResponderExcluirFiquei muito feliz em ver a foto de Alphonsus de Guimaraens assim que aqui entrei. Muito obrigado de coração. Ele é o meu poeta de coração de alma. E nem sei lhe dizer o porque. Só sei que ele é o meu poeta.
Obrigado!! Obrigado!!
Beijos!
Sempre uma canção para celebrar os amores.Chegadas e despedidas! LINDO.
ResponderExcluirTenha uma ótima semana.