O Modernismo não continha nada de revolucionário, no sentido de manifestação de interesse da classe operária ou dos trabalhadores não assalariados; representava um dos sintomas do avanço burguês, em nosso País, avanço que sempre busca apoio em camadas inferiores e pretende apresentar-se como da totalidade do povo e não apenas de uma de suas classes ou camadas sociais. As manifestações de radicalismo político que surgiram, no conjunto do Modernismo, esporádicas, isoladas, individuais, não caracterizaram o movimento. No conjunto e na essência, o Modernismo correspondeu às necessidades artísticas da burguesia brasileira, em seu processo ascensional. A ausência de qualquer sentido revolucionário autêntico, de exigência de alteração estrutural do regime, é fácil de provar. O simples fato de ter sua base em São Paulo já era significativo: o Modernismo encontrou ali, naturalmente, o agrupamento mais forte e mais organizado da burguesia; conseqüentemente, condições mais próprias, favoráveis, ambiente mais receptivo.
(Nelson Werneck Sodré)
In, Memórias de um escritor – 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1970, p. 28-29.
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