No fundo, o que é o ciúme? É a dúvida, é o medo de perder o objeto para o qual se dirigem os nossos desejos. Assim compreendido, o ciúme nasce com o clássico “coup de foudre”, que se encontra, é certo, mais frequentemente nos romances que na vida, ou, a não ser assim, no preciso momento em que a mulher nos atrai. Acontece até que, por vezes, o amor nasce do ciúme.
E logo que o ciúme se instala no coração do homem, pobre dele. Não o deixa tão depressa, vai roendo-o pouco a pouco, leva-o ao desespero, ao crime e à loucura. Estranha e formidável influência sobre a nossa alma! Imaginai, por um momento, a psicologia do ciumento; sente-se atingido em todos os seus sentimentos, sofre profundamente em todas as emoções que nele desperta a afeição pelo ente amado. É uma perturbação total, uma paralisia afetiva geral. Sofre no seu amor, na sua confiança, na sua tranquilidade, no seu amor próprio, no seu espírito de dominação e no seu espírito de posse.
(Léon Rabinowicz)
In O Crime Passional, de Léon Rabinowicz, professor de Direito Penal da Universidade de Varsóvia. Trad. de Fernando de Miranda. 2ª ed. Coimbra, Portugal: Arménio Amado Editor, Sucessor, 1961, p. 64 e 68.
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PEDRO LUSO