Drummond
por Pedro Luso de Carvalho
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE forma ao lado de Manoel Bandeira e João Cabral de Melo Neto, na visão da crítica literária, o importante trio brasileiro da poesia contemporânea.
Drummond nasceu em Itabira de Mato Dentro, Minas Gerais, a 31 de dezembro de 1902. Filho de uma família de fazendeiros em decadência, começou seus estudos na sua cidade natal, transferindo-se depois para Belo Horizonte e Nova Friburgo. Casou-se em 1925, quando ainda era estudante, Com Dolores Morais. Em 1934 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde se tornou Chefe de Gabinete de Gustavo Capanema, Ministro da Educação. Trabalhou até 1962 no Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ano em que se aposentou.
Carlos Drummon de Andrade faleceu no Rio de Janeiro no dia 17 de agosto de 1987, aos 85 anos (incompletos). Legou-nos uma obra poética e literária de inestimável valor.
Segue o poema Opaco, de Carlos Drummond de Andrade, In, Claro Enigma/Carlos Drummond de Andrade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1991, p. 43-44:
[O P O E M A]
OPACO
Noite. Certo
muitos são os astros.
Mas o edifício
barra-me a vista.
Quis interpretá-lo.
Valeu? Hoje
barra-me (há luar) a vista.
Nada escrito no céu,
sei.
Mas queria vê-lo.
O edifício barra-me
a vista.
Zumbido
de besouro. Motor
arfando. O edifício barra-me
a vista.
Assim ao luar é mais humilde.
Por ele é que não sei do luar.
Não, não me barra
a vista. A vita se barra
a si mesma.
(Drummond)
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