2 de jun. de 2011

[FILOSOFIA] SCHOPENHAUER – Da escrita e do estilo

Arthur Schopenhauer


        O estilo é a fisionomia do espírito. E ela é menos enganosa do que a do corpo. Imitar o estilo alheio significa usar uma máscara. Por mais bela que seja, torna-se pouco depois insípida e insuportável porque não tem vida, de modo que mesmo o rosto vivo mais feio é melhor do que ela. Assim, quando os autores escrevem e imitam o estilo dos antigos, é como se usassem máscaras, ou seja, ouve-se bem o que eles dizem, mas não se vê sua fisionomia, o estilo. No entanto, a fisionomia e o estilo são vistos nos escritos latinos de quem pensa por si mesmo, dos escritores que não se habituaram àquela imitação, como por exemplo Scotus Erigena, Petrarca, Baco, Cartesius, Spinoza, Hobbes, entre outros.

        A afetação no estilo é comparável às caretas que deformam o rosto. 

        A língua em que se escreve é a fisionomia nacional, que apresenta grandes diferênças, da língua grega até a caribenha.

        Devemos descobrir os erros estilísticos nos escritos dos outros para evitá-los nos nossos.


                                                                     (Schopenhauer)


In, Schopenhauer, A arte de escrever, tradução de Pedro Sussekind, L&PM Pocket, 2005, § 11, p. 79.



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