por Pedro Luso de Carvalho
Carlos Fuentes escreve um interessante artigo, que faz parte de seu importante livro Este é meu credo (tradução de Ebréia de Castro Alves. Rio de Janeiro: Rocco, 2006, p. 193), sobre o divórcio entre as palavras e as coisas, tendo por base o livro Dom Quixote. Segue, pois, trecho (primeiro parágrafo) do texto, que é intitulado de Quixote:
Michel Foucault - diz Carlos Fuentes - vê na figura de Dom Quixote o sinal de divórcio moderno entre as palavras e as coisas. Emissário do passado, Dom Quixote procura desesperadamente a coincidência de umas e outras, como a ordem medieval. A peregrinação quixotesca é uma procura de semelhanças: as analogias mais frágeis, observa Foucault, são recrutadas, e rapidamente, por Dom Quixote; para ele tudo é um sinal latente que deve ser despertado para falar e demonstrar a identidade das palavras e das coisas: as camponesas são princesas, os moinhos são gigantes, as tabernas são castelos porque essa é a identidade atribuída pelas palavras às coisas nos livros de Dom Quixote.
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