8 de mai. de 2012

MONTEIRO LOBATO / A Colcha de Retalhos

 Monteiro Lobato




        O velho pomar, roído de formiga, sucumbira de inanição; na ânsia de sobreviver, três ou quatro laranjeiras macilentas, furadas de broca, sopesando o polvo retrançado da erva de passarinho, abrolhavam ainda rebentos cheios de compridos espinhos. Fora disso, mamoeiros, a silvestre goiaba e araçás, promiscuamente  com o mato invasor que só respeitava o terreirinho batido,  fronteiriço à casa. Tapera, quase,  e, enluradas nela, o que é mais triste, almas humanas em tapera.

                                                            
                                                                       (Monteiro Lobato


        Trecho de A Colcha de Retalhos, que integra o livro Contos Pesados,  de  Monteiro Lobato, publicado pela Companhia  Editora Nacional, São Paulo, s/d (início do século 20), p. 67.

    3 comentários:

    1. Boa noite, querido amigo.

      Lindo!
      Enxerguei um pedaço do velho quintal que foi o meu parque de diversões.

      Tenha uma bela semana de paz.

      Beijos.

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      Respostas
      1. Amapola,

        Na minha infância, também tive um quintal para brincar, o que não ocorreu com os meus filhos, infelizmente.

        Abraços,
        Pedro.

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    2. Um dos meus primeiro s livro de de Monteiro Lobato. Sempre fui apaixonada por Emília.
      Acho que Emília era o pensamento principal dele.
      Beijos!

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