[ PEDRO
LUSO DE CARVALHO ]
ARMINDO
TREVISAN nasceu em Santa Maria (RS), em 1933. Professor universitário, poeta,
ensaísta, tradutor e conferencista, doutorou-se em Filosofia pela Universidade
de Fribourg, Suíça, com curso de aperfeiçoamento em Paris. Escreve a mais de
quarenta anos. Por sua poesia tornou-se
referência não apenas entre os gaúchos, mas também em todo o país. Num concurso
de poesia em que foi premiado, os seus jurados foram: Manoel Bandeira, Carlos
Drummond de Andrade e Cassiano Ricardo.
Trevisan
escreveu, entre outros, os seguintes livros: A surpresa de ser, com o qual obteve o Prêmio Nacional de Poesia
Gonçalves Dias, da União Brasileira de Escritores, em 1964; A
imploração do nada, 1971; O abajur de
Píndaro, 1972; Corpo a corpo, em coautoria com Carlos Nejar, em 1973; Funilaria no ar, 1973; A fabricação do real, 1975; Em pele e osso, 1977; O ferreiro harmonioso, 1978; O rumor do sangue, 1979; A mesa do silêncio, 1982; O moinho de Deus, 1985; A dança do Fogo, 1988; Os olhos da noite, 1997; O canto das criaturas, 1998; Mario, coautoria com Tabajara Ruas; Orações para o novo milênio, 2000; Serpente na grama, 2001.
Segue Graciliano Ramos vende sua sombra ao sol,
poema de Armindo Trevisan (in Trevisan, Armindo. Funilaria no ar. Porto Alegre: Editora
Movimento em convênio com o Instituto Nacional do Livro / Ministério da Educação
e Cultura, 1973, p. 93-94):
[ESPAÇO DA POESIA]
GRACILIANO RAMOS VENDE SUA SOMBRA AO SOL
[ ARMINDO
TREVISAN ]
Graciliano,
animal triste
silêncio
ensurdecido
entre o olho
e a caatinga.
Pão e laranja
para os
místicos.
Para ti,
o cisco.
Graciliano,
pai,
anti-pai.
Ismália
enlouqueceu
quando
morreste.
E tu,
intratável,
seduziste
uma a uma
as santas de
Deus.
Graciliano,
arranjador
de verdade:
pisa, mais uma
vez
o coração,
o vosso e o
meu.
Onde ele se
acoitar,
tua cachorra
estique a pata
do braço.
E assim,
anti-pai,
seja feita na
terra
a tua vontade.
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* *
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PEDRO LUSO