[PEDRO LUSO DE CARVALHO]
JORGE DE LIMA (Jorge Matheus de Lima) nasceu em União dos Palmares, Alagoas, em 23 de abril de 1893. Tornou-se conhecido pelo nome de Jorge de Lima. Foi médico, professor, político (deputado estadual em Alagoas e vereador no Rio de Janeiro), pintor romancista e poeta – na poesia foi onde melhor expressou o seu gosto pelas Letras. Iniciou a Faculdade de Medicina na Bahia e formou-se no Rio de Janeiro, aos vinte anos. Tornou-se professor de História Natural e Higiene Escolar, mediante concurso público, na Escola Normal de Maceió. Ainda, por concurso público, passou a lecionar História da Literatura Brasileira e Portuguesa no então Liceu Alagoano. Em 1931 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde passou a lecionar Literatura Brasileira na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil.
O primeiro livro de Jorge de Lima foi XIV Alexandrinos, editado em 1914. Escreveu o seu primeiro romance, O Anjo, em 1934, com o qual recebeu o Prêmio da Fundação Graça Aranha. Em 1940, recebeu o Prêmio da Academia de Brasileira Letras pelo seu livro A Túnica Inconsútil – o Grande Prêmio de Poesia. O poeta Parnasiano dos primeiros tempos tornou-se famoso com o soneto O Acendedor de Lampiões. Mas, como diz Alvaro Lins, somente a partir de 1927 sua poesia passa a ter importância com o livro de Poemas, com inspiração fortemente regional, nordestina, como Essa Negra Fulô e Banguê. Com a edição do livro Tempo e Eternidade Jorge de Lima adquire uma feição mística, tendo como co-autor Murilo Mendes. O ápice dessa fase deu-se com A Túnica Inconsútil , e nos poemas de Anunciação e Encontro de Mira-Celi, que foram incorporados à Obra Poética, e que, assume o tom épico em Invenção do Orfeu.
Obras de Jorge de Lima: XIV Alexandrinos (1914), A Comédia dos Erros (1924), Salomão e as Mulheres (1926), Poemas (1927), Essa Negra Fulô (1928), Novos Poemas (1929), Anchieta (1934), Calunga (1935), Tempo e Eternidade - em colaboração com Murilo Mendes (1935), A Túnica Inconsútil (1938), A Mulher Obscura (1939), Vida de São francisco de Assis para Crianças (1942), Poemas Negros (1947), Livro de Sonetos (1949), Guerra dentro do Beco (1950); Invenção do Orfeu (1952), etc.
Segue o poema Tarde Oculta no Tempo, que integra o livro Os Melhores Poemas de Jorge de Lima:
[ESPAÇO DA POESIA]
TARDE OCULTA NO TEMPO
TARDE OCULTA NO TEMPO
[JORGE DE LIMA]
O andarilho sem destino reparou então
que seus sapatos tinham a poeira indiferente
de todas as pátrias pitorescas;
e que seus olhos conservavam as noites e os dias
dos climas mais vários do universo;
e que suas mãos se agitaram em adeuses
a milhares de cais sem saudades e amigos;
e que todo o seu corpo tinha conhecido
as mil mulheres que Salomão deixou.
E o andarilho sem destino viu
que não conhecia a Tarde que está oculta no tempo
sem paisagens terrenas, sem turismos, sem povos,
mas com a vastidão infinita onde os horizontes
são as nuvens que fogem.
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REFERÊNCIAS:
LINS, Álvaro. BUARQUE DE HOLLANDA, Aurélio. Roteiro Literário de Portugual e do Brasil. Vol. II. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966, p. 429.
LIMA, Jorge de. Os melhores poemas de Jorge de Lima. Seleção de Gilberto Mendonça Teles. 2ª ed. São Paulo: Global Editora, 2001, p.62.
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Quase sempre, o tudo que temos não representa o mínimo que queremos.
ResponderExcluirLINDO POEMA.
Bom fim de semana.
É verdade, Lourdinha, quase nunca achamos que temos o suficiente.
ExcluirObrigado pela visita.
Abraços.