- PEDRO
LUSO DE CARVALHO
ANTÔNIO MARIA
(Antônio Maria Araújo de Morais) nasceu em
Recife a 17 de março de 1921. Maria, como era tratado pelos íntimos, escrevia
crônicas diárias no O Jornal – onde
permaneceu por 15 anos –, no O Globo,
em 1959 – aí ficou por pouco tempo –, e na Última
Hora.
Além do
excepcional cronista Antônio Maria foi compositor, e teve como parceiros nomes
famosos como Fernando Lobo, Luiz Bonfá, Vinícius de Moraes, entre outros –
escreveu a letra de Manhã de Carnaval,
uma das músicas mais executadas no exterior, e que seria um dos temas musicais
do filme franco-ítalo-brasileiro, Orfeu
Negro, ganhador da Palma de Ouro
em Cannes e do Oscar de melhor filme
estrangeiro.
Dentre
as 62 composições de Antônio Maria, merecem destaque, também: Menino grande. Ninguém me ama, Valsa de uma
cidade, Canção da volta, O amor e a rosa, As suas mãos, Se eu morresse
amanhã. Sobre a composição Ninguém me ama houve injusta acusação de plágio por Fernando Lobo.
Na
crônica que segue, intitulada Ninguém me
ama I, na qual Antônio Maria aborda parte do problema criado por Fernando
Lobo, pai de Edu Lobo (In Maria,
Antônio. Crônicas. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1994, p. 24-25):
[ESPAÇO DA CRÔNICA]
NINGUÉM ME AMA I
[ ANTÔNIO
MARIA ]
Sairá amanhã
a Manchete que revela os verdadeiros
autores do Ninguém me ama. Estou lendo as provas. Quanto ao depoimento do
senhor Haroldo Barbosa, não direi nada ainda, pois espero seu desmentido e, ao
menos, seu processo judicial contra a revista. O senhor Fernando Lobo jamais me
decepcionou. Que feliz seria eu se todos os seus atos ignominiosos (contra mim)
se restringisse a essas questões musicais. Mas o dito trabalha à base de ação
ampla. Devo explicar, todavia, que os versos onde as palavras “de fracasso em
fracasso” não são de Fernando. E é fácil de provar, porque a palavra “fracasso”
está escrita corretamente, isto é com dois “ss”. Caso fosse verdade, uma
colaboração sua, eu juro que respeitaria as cedilhas (çç) habituais.
Que espíritos
pouco ambiciosos! Enquanto estão querendo ser Antônio Maria e ter feito o Ninguém me ama, eu gostaria de ter sido
Exupéry e ter escrito o Pitit Pince.
E no mais diz o nosso bom Antoine Exupéry. “As pessoas grandes adoram os
números. Quando a gente fala de um novo amigo, elas jamais se informam do
essencial. Não perguntam nunca: ‘Qual é o som da sua voz?’ Mas perguntam: ‘Qual
é sua idade? Quantos irmãos tem ele? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai?’
Somente então é que elas julgam conhecê-lo”.
17/4/1957
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Pedro Luso
ResponderExcluirAdoro ler extratos de biografias como o aqui deixado. Quanto a pessoas na procura de alinhamentos por baixo, infelizmente, há muitas que não merecem credibilidade.
Abraço
Obrigado, caro Daniel, por sua visita.
ExcluirDesejo saúde ao amigo português.
Grande abraço.
Hola Pedro, pase por aquí para saludarte y desearte una feliz semana.
ResponderExcluirUn abrazo.
Obrigado, Indiasena.
ExcluirTambém desejo a você uma boa semana.
Abraços.